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quinta-feira, março 23, 2006

O Galã

O final de semana passado foi super corrido, tudo por conta das gravações do curta em que estou atuando. Sim, estou atuando. Não, não vou voltar à peregrinação da carreira de ator. É só um exercício mesmo. Surgiu o convite e achei que seria divertido.

Não foi. Não está sendo aliás, pois faltam 2 dias de gravação e não estou com o menor saco de ficar repetindo o mesmo take trezentas vezes, com uma luz tão forte que deixa meu olho menor do que o menor olho de um japonês com sono. Já tenho os olhos puxados e gordo do jeito que estou, vou parecer um lutador de Sumo da Mogólia. Meleca beiçuda!

No domingo, acordei às 5:30 da madrugada e despenquei para a Cidade de Deus, locação onde se passa a maioria das cenas do filme. O carro de produção não poderia buscar os atores e acabei indo ônibus para um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro. Quiçá do Brasil.

Horas e horas dentro do coletivo repetindo para mim mesmo - uma experiência antropológica...uma experiência antropológica – o que não impedia propriamente minhas pernas de tremerem em um rítmo bem frenético.

Tirando os percalços de comer comida de quentinha com garfo de plástico, correu tudo bem. Você já experimentou comer quentinha com talheres de plástico? Não? Pois você precisa! É uma experiência ímpar na vida de alguém, um marco mesmo. Agora eu sou do povo, e me sinto totalmente pronto para isso.

Que suadouro! Aquela embalagem laminada molenga apoiada nas minhas pernas, uns sete quilos de feijão com arroz e um bife desafiante com algumas cebolas espaçadas em cima constituíam o rega-bofe do dia. Quebrei uns trinta e cinco garfos lutando para cortar aquilo. Acho até que em uma mordida desastrada, acabei dando uma farta dentada no garfinho e por minhas observações, ele ainda habita meu corpo.

Escatologias à parte, em uma das casas que foi usada como locação, a dona, uma senhora fofíssima, me perguntou sobre o roteiro do filme enquanto eu esperava para gravar. Expliquei rapidamente. “Ah, é meio Corra Lola corra” – respondeu ela citando o filme alternativóide de Tom Tykwer. Um filme alemão, diga-se de passagem. E terminou o papo me pedindo que mandasse as fotos para seu email.

Foi uma boa oportunidade para desmantelar os clichês que povoam minha visão sobre as favelas e as pessoas que vivem lá. Mesmo com todos os problemas que conhecemos, são pessoas como as outras, como nós mesmos, e estão ai errando e acertando, batendo cabeça pra viver como dá.

Depois conto mais sobre o filme...
Obs >> Na CDD rola Mariah Carey direto!!!! Achei o meu lugar...já estou procurando uma meia-água lá pra mim!
:o)

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Lipe, vc é o mais figura!!! Como assim ator num curta?? Comendo quentinha???? Vc é mt mais glamouroso que isso.

12:47 PM  
Blogger Stupid Guy said...

O título do filme vai ser Corra Lipe, Corra? As aventuras de um ator que topou fazer ponta num curta filmado na favela? Ia dar mó comédia! Bjos!

5:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

se quiser quebrar os preconceitos contra os favelados, veja babilônia 2000.
ma-ra-vi-ho-so. eu arrepio só de pensar! ui!

beijo

11:58 PM  

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