Inimigo público n° 1
Vou ser negado pela minha família, alijado de minhas relações sociais, banido do convívio de amigos, proibido de freqüentar lugares cults e rechaçado pelos alternativóides. As velhinhas atravessarão a rua para não cruzar comigo na calçada; serei taxado de infame; terei meus direitos de cidadão cerceados e as futuras gerações me odiarão para sempre. Já posso ver o povo malhando o judas na rua com a minha foto colada na cabeça! Um horror...
Mas ainda assim, não me calarei! Afaste de mim esse cálice!
O novo álbum de Chico Buarque, Carioca, é uma grandessíssima porcaria!
Pronto, falei. Está um pouco atrasado, eu sei, mas só agora a coragem de ouvir tudinho me agraciou com sua presença.
Pode fechar o blog e me chamar de idiota, anda! “Quem é esse garoto ridículo que ouve Mariah Carey e ousa criticar Chico Buarque?” – posso ouvir daqui. (nessas horas, o povo lembra da pobre da peituda e esquece o resto dos troços todos tidos como legais que eu ouço).
No Brasil, na música assim como na política, há coronelismo. Alguns são intocáveis e incontestáveis. Ainda que passem anos sem produzir cousa alguma e voltem com uma merda colossal, são endeusados de forma quase irracional (principalmente pelos jornalistas rameiros do jornal O Globo).
Desde novo você aprende a ser muito engajado e legal e oportuno abrindo sua boca pra cuspir que ouve chicocaetanogil (a ordem dos fatores não altera o produto). É junto assim mesmo, até porque a maioria das pessoas que pronuncia, mal sabe quem são. Ainda que, em seu quarto, o danado ouça Sandy & Junior, a santíssima trindade da música popular aparece para construção de uma auto-imagem aceitável socialmente. Não esqueça de entrar também na comunidade do orkut. Isso é essencial.
Lembro-me de certa vez, em que uma maldita de uma menina, toda fantasiada de hippie, queria cuspir no meu chope por eu ter dito que não ouvia Chico Buarque. Eu expliquei, todo cheio de dedos, que mesmo que reconhecesse seu valor e que algumas de suas canções fossem maravilhosas, eu tava cagando pra ditadura e exílio e diretas e todas essas coisas que Chico e os outros carregam acopladas nas costas. Foi então que ela cuspiu mesmo! Daquelas cusparadas sonoras, sabe? Vadia.
Mas tudo isso nos faz entender o apoio incondicional da classe artística ao Lula. Com a corrupção e o modelo torpe instaurado no país, quem sabe não rola uma aura política pra legitimar alguns dos compositores da nova geração, coitados.
Para mim, Chico Buarque é o José Mayer da música. Ninguém entende como ele continua no papel de comedor, mas todo mundo assiste a porra da novela pra conferir!
Saravá...
Mas ainda assim, não me calarei! Afaste de mim esse cálice!
O novo álbum de Chico Buarque, Carioca, é uma grandessíssima porcaria!
Pronto, falei. Está um pouco atrasado, eu sei, mas só agora a coragem de ouvir tudinho me agraciou com sua presença.
Pode fechar o blog e me chamar de idiota, anda! “Quem é esse garoto ridículo que ouve Mariah Carey e ousa criticar Chico Buarque?” – posso ouvir daqui. (nessas horas, o povo lembra da pobre da peituda e esquece o resto dos troços todos tidos como legais que eu ouço).
No Brasil, na música assim como na política, há coronelismo. Alguns são intocáveis e incontestáveis. Ainda que passem anos sem produzir cousa alguma e voltem com uma merda colossal, são endeusados de forma quase irracional (principalmente pelos jornalistas rameiros do jornal O Globo).
Desde novo você aprende a ser muito engajado e legal e oportuno abrindo sua boca pra cuspir que ouve chicocaetanogil (a ordem dos fatores não altera o produto). É junto assim mesmo, até porque a maioria das pessoas que pronuncia, mal sabe quem são. Ainda que, em seu quarto, o danado ouça Sandy & Junior, a santíssima trindade da música popular aparece para construção de uma auto-imagem aceitável socialmente. Não esqueça de entrar também na comunidade do orkut. Isso é essencial.
Lembro-me de certa vez, em que uma maldita de uma menina, toda fantasiada de hippie, queria cuspir no meu chope por eu ter dito que não ouvia Chico Buarque. Eu expliquei, todo cheio de dedos, que mesmo que reconhecesse seu valor e que algumas de suas canções fossem maravilhosas, eu tava cagando pra ditadura e exílio e diretas e todas essas coisas que Chico e os outros carregam acopladas nas costas. Foi então que ela cuspiu mesmo! Daquelas cusparadas sonoras, sabe? Vadia.
Mas tudo isso nos faz entender o apoio incondicional da classe artística ao Lula. Com a corrupção e o modelo torpe instaurado no país, quem sabe não rola uma aura política pra legitimar alguns dos compositores da nova geração, coitados.
Para mim, Chico Buarque é o José Mayer da música. Ninguém entende como ele continua no papel de comedor, mas todo mundo assiste a porra da novela pra conferir!
Saravá...
12 Comments:
ahahahahahahahahaa. Graaande comparação! Muito bom.
Ah, como 'as pequenas velas' atravessarão a rua para não cruzar com vc na calçada? Que velinhas?
Ai, eu sou tão idiota.
Cara, coloca outro tipo de sistema de comentário. Esse aqui é meio complicado pra quem não tem blogger.
Sim, eu só reclado.
Ahhh, quano ao novo CD do Chico... nem ouvi ainda.
Até gosto de algumas músicas dele, têm letras inteligentes, algumas até melodias legais. Mas nunca que eu as colocaria num iPod pra ficar ouvindo sempre.
tipo, anônimo, é só colocar seu nome...sacou? e valeu pela correção, além de ser dislexico, eu escrevi no auge da insônia!
Lipe, eu assino embaixo! Pode?
Eu cantei durante 5 ANOS no Instituto de Artes da Unicamp com TODAS as pessoas me olhando torto por eu não gostar do Chico. A gente sobrevive...
Bjo!
Concordo com vc, Lipe. Ng merece essa elite "cult fake". Não viso fingir nem orgasmo, quanto menos aquilo que gosto e ouço. Até pq se o "senso comum" pudesse mesmo ser referencial de bom gosto e estilo pular no meio da micareta e rebolar até o chão no castelão seriam o "creme de la creme" para nossa "elite cultural" rsrsrsrs
(eu sei, não disse nada com nada)
Bjs
Pois olha: uma cuspida pra guria que cuspiu no teu copo!
E olha que eu gosto do Chico - muitíssimo mais dos livros do que dos discos, é verdade - mas gosto bem mais de poder escolher as minhas preferências, sem esse \"endeusamento\" burro de quem gosta porque todo mundo gosta porque todo mundo gosta... sabe?
Ah! droga! esqueci de assinar... hehehehe, o comentário ali em cima é meu ;]
to contigo e não abro meeeeeeeesmo. odeio de morte o tal chico.
beijo
Como assim que eu não tinha visto o layout novo ainda????????????
E por onde você anda????????
Aqui, fofo, te adicionei no meu email secreto, você viu?!
Depois me aceita lá no messenger.
Beijos.
Saudades!
Ah, c conhece um cronista que chama Eduardo Almeida Reis?
Se não conhece, deveria conhecer urgentemente. Ele escreve nesse jeito cínico igual você, que eu AMO!
Rs
Bjo de novo.
Concordo plenamente com vc, Felipe.
A música que fala do subúrbio parece uma lamúria. É uma porcaria, um lixo mesmo!
Ele deveria ter vergonha de cantar e as rádios deveriam ter vergonha de tocar!
Beijos,
Marcinho.
adorei a comparação chico/zé mayer. é esse ar do leblon que continua gerando este tipo de gente.
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