Mazelas de um gordo
Primeira Parte - Boca fechada não magoa amigo
Segunda, 9 de julho.
A fila do elevador, não sei a razão, impele as pessoas a falarem coisas que não devem serem ditas, já percebeu? É um mistério para o qual a filosofia moderna ainda não atinou.
Semana passada, enquanto esperava o elevador com uns colegas (adoro falar colega, é tão chique) de trabalho, quando Renata, tomada pela falta de noção característica das filas de elevador, simplesmente decreta:
_Você está engordando, não está?
Pensei em fingir que se tratava da menina parada a minha frente, mas além da maldita magrela pesar 3 quilos apenas, Renata – eficientíssima - se preocupou em delimitar claramente o receptor de sua mensagem apertando o entorno de minha cintura, que me recuso terminantemente a chamar de banha.
Comecei, determinado, uma dieta. Fui ao restaurante natureba aqui perto e enchi meu bucho de tofu e carne de soja e tudo de soja que existe no mundo. Estou fedendo a soja e com uma fome lancinante.
Vou passar a usar as escadas do prédio também. Os elevadores não são seguros.
A fila do elevador, não sei a razão, impele as pessoas a falarem coisas que não devem serem ditas, já percebeu? É um mistério para o qual a filosofia moderna ainda não atinou.
Semana passada, enquanto esperava o elevador com uns colegas (adoro falar colega, é tão chique) de trabalho, quando Renata, tomada pela falta de noção característica das filas de elevador, simplesmente decreta:
_Você está engordando, não está?
Pensei em fingir que se tratava da menina parada a minha frente, mas além da maldita magrela pesar 3 quilos apenas, Renata – eficientíssima - se preocupou em delimitar claramente o receptor de sua mensagem apertando o entorno de minha cintura, que me recuso terminantemente a chamar de banha.
Comecei, determinado, uma dieta. Fui ao restaurante natureba aqui perto e enchi meu bucho de tofu e carne de soja e tudo de soja que existe no mundo. Estou fedendo a soja e com uma fome lancinante.
Vou passar a usar as escadas do prédio também. Os elevadores não são seguros.
Segunda Parte - Lasanha do Capiroto
Terça, 10 de julho.
Sou deveras persuasivo. Convenci hoje metade da agência a pedir comida em um outro restaurante natural do qual nunca tínhamos ouvido falar. No outro lado da linha, um senhor com sotaque paraguaio me citou o longo cardápio do dia de três opções.
Eu e Bruno escolhemos a Lasanha Verde, descrita como tiras de berinjela e abobrinha com recheio de espinafre e ricota. Até que parece bom, né? Mesmo de dieta, julguei que me faria bem comer algo que atende pela alcova de lasanha.
Renata, sim, a que me chamou de gordo no elevador, optou por uma batata com frango e legumes grelhados. Vamos ver quem é gordo agora?
Pelas horas de espera, o paraguaio provavelmente deve estar colhendo os ingredientes de sua hortinha.
A comida chega e desesperado pela falta de nutrientes me atiro na porta. Pratos e talheres em punho, retiramos as tampinhas das odiosas quentinhas metálicas (odeio quentinhas...são sempre molengas) e...booom.
Nada explodiu, peste, foi apenas um efeito lingüístico. Mal empregado, admito.
A tal lasanha se resumia a uma gororoba verde peçonhenta. Não se sabe ao certo o que os paraguaios entendem por ricota, mas definitivamente não havia nenhuma ali. O treco era nada mais que gigantes fatias de berinjela boiando em uma água verde de espinafre, ou seja lá que diabos for aquilo. Gordo só se fode!
Renata tranqüila ostenta a vitória em seu rosto enquanto degusta sua batatinha. Afinal, ainda que meio sem gosto, uma batata é sempre uma batata.
Bruno mexe o troço com o garfo e, inconformado com a ausência de ricota, espragueja céus e terra.
No ímpeto de colocar algo com o mínimo de tempero na boca, tateio minha gaveta. Um pacotinho encontra meus dedos ao som de anjos cantando Aleluia. Sem pestanejar, rasgo a pontinha e despejo o conteúdo fartamente sobre a lama esverdeada.
Agora ela tem gosto. Um gosto doce, como pode?
Qual foi a minha surpresa ao perceber que, na verdade, despejei quilos de adoçante sobre a já nojenta lasanha.
Duas garfadas mais e lixo. Assim vou ficar realmente magro rápido. E morto de inaninação.
>>>>Ilustração by Mr. Bunny Bruno Bottino
5 Comments:
O "gordinho" mais comééédia de todos !
=D
=*'s
Ai nem me fala nisso... e não só na fila do elevador, mas quando você tá no meio de várias pessoas que não têm a mínima intimidade com você e aí chega alguém e diz "nossa, vi uma foto sua ontem, você tava tão magrinho!"
É do tipo... se atira pela janela.
huhasuhausau
Amooooooooooooooooo!!!
Bjinhu
Lipe, suas histórias precisam virar um sitcom. O jeito qcomo você conta é incrível. Beijos.
definitivamente, "vc está engordando" é beeeeem pior do q "puxa vida, vc engordou!"
acho q pela sensação de que dá rpa ver suas banhas se expandindo a olho nu. a costura da calça esgarçando, os botões da blusa saltando (tipo a tia q virou balão no filme do Harry Potter)
povo sem noção ¬¬
=P
Postar um comentário
<< Home