Enganchado
Eu sou exagerado e isso é o mais pura verdade. Contudo não existe nem um pingo de exagero quando digo que comigo acontecem as coisas mais esquisitas do mundo. Como naquela vez em que vi duas anãs lésbicas se pegando na porta da faculdade e achei quer Deus estava me mostrando coisas surreais para alertar que minha morte se acercava.
Hoje, por exemplo, em uma das etapas da minha via-crúcis diária de chegar ao trabalho, peguei um coletivo maldito já na zona norte do Rio. Se trata do ônibus da linha 680 que atende pela alcova de Méier e demora horas para dar o ar da graça. Ele é o único que conheço (até porque meu interesse por conhecer linhas de ônibus na zona norte não é lá muito extenso) que passa na frente de um posto de saúde perto da empresa onde trabalho. Por conta disso, está sempre lotado de gente perebenta, tísica, baleada e toda sorte – azar no caso – de infortúnios que se possa imaginar.
Depois de meia hora de espera, debaixo de um agradável sol matinal carioca, o expresso pobreza chegou. Me engalfinhei para dentro com mais umas quatrocentas cabeças ávidas por entrar no ônibus.
Sério, o olho do povo brilha quando o ônibus aponta. Acho que eles só se sentem realizados enquanto pessoas dentro de um ônibus.
Entrei no troço e de pronto fui rebocado até o meio do corredor por movimentos alheios. A teoria do caos!Tenho uma conduta muito taxativa de não me mexer nessas ocasiões. Finjo que sou matéria inanimada, natureza morta ou qualquer cousa do gênero e vou pra onde o povo me levar.
Uns dois pontos depois, uma senhorinha se levanta e puxa o sinal. O povo não tem a menor noção de nada mesmo! A mulher está atochada lá no início do ônibus apinhado de cornos (como eu) e me inventa de levantar exatamente 3 segundos antes de descer?! Mas você sabe para que? Para que?
Para depois levar quinze minutos para passar pelo vucovuco gritando com suas vozes estridentes até os pulmões explodirem:
_Vai descer ô motorista! Vai descer ae!
E você pensa que é só um que grita? Isso seria o melhor dos mundos, meu bem! Eles são solidários uns com os outros e ao bramir do primeiro grito, o povo todo começa a gritar junto!
Mas voltando ao causo de hoje, a maldita da mulher saiu rebocando aquelas milhões de pessoas! Sério, abrir o mar vermelho seria tarefa mais fácil. E danou o povo a gritar! O motorista a gritar de volta... Visão do inferno!
No que ela se aproximou de mim, tentei me encolher para abrir caminho. Se dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, imagine setecentos? Lógico que fui empurrado com o dobro de força de volta contra a mocréia! E como estar ali já não é desgraça suficiente, não é que o fio do meu mp3 player se embolou no brinco da desgraçada.
Mas embolou mesmo. Embolou muito. Ficamos ali naquele impasse. Ela querendo descer e eu querendo manter meu mp3 player a salvo das mazelas da humanidade. O motorista ameaçando ir embora e o povo gritando.
Conclusão: tive que descer colado com a orelha da maldita, desembolar o fio do brinco na rua e andar tudo a pé!
Agora me diz se eu mereço!?
Hoje, por exemplo, em uma das etapas da minha via-crúcis diária de chegar ao trabalho, peguei um coletivo maldito já na zona norte do Rio. Se trata do ônibus da linha 680 que atende pela alcova de Méier e demora horas para dar o ar da graça. Ele é o único que conheço (até porque meu interesse por conhecer linhas de ônibus na zona norte não é lá muito extenso) que passa na frente de um posto de saúde perto da empresa onde trabalho. Por conta disso, está sempre lotado de gente perebenta, tísica, baleada e toda sorte – azar no caso – de infortúnios que se possa imaginar.
Depois de meia hora de espera, debaixo de um agradável sol matinal carioca, o expresso pobreza chegou. Me engalfinhei para dentro com mais umas quatrocentas cabeças ávidas por entrar no ônibus.
Sério, o olho do povo brilha quando o ônibus aponta. Acho que eles só se sentem realizados enquanto pessoas dentro de um ônibus.
Entrei no troço e de pronto fui rebocado até o meio do corredor por movimentos alheios. A teoria do caos!Tenho uma conduta muito taxativa de não me mexer nessas ocasiões. Finjo que sou matéria inanimada, natureza morta ou qualquer cousa do gênero e vou pra onde o povo me levar.
Uns dois pontos depois, uma senhorinha se levanta e puxa o sinal. O povo não tem a menor noção de nada mesmo! A mulher está atochada lá no início do ônibus apinhado de cornos (como eu) e me inventa de levantar exatamente 3 segundos antes de descer?! Mas você sabe para que? Para que?
Para depois levar quinze minutos para passar pelo vucovuco gritando com suas vozes estridentes até os pulmões explodirem:
_Vai descer ô motorista! Vai descer ae!
E você pensa que é só um que grita? Isso seria o melhor dos mundos, meu bem! Eles são solidários uns com os outros e ao bramir do primeiro grito, o povo todo começa a gritar junto!
Mas voltando ao causo de hoje, a maldita da mulher saiu rebocando aquelas milhões de pessoas! Sério, abrir o mar vermelho seria tarefa mais fácil. E danou o povo a gritar! O motorista a gritar de volta... Visão do inferno!
No que ela se aproximou de mim, tentei me encolher para abrir caminho. Se dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, imagine setecentos? Lógico que fui empurrado com o dobro de força de volta contra a mocréia! E como estar ali já não é desgraça suficiente, não é que o fio do meu mp3 player se embolou no brinco da desgraçada.
Mas embolou mesmo. Embolou muito. Ficamos ali naquele impasse. Ela querendo descer e eu querendo manter meu mp3 player a salvo das mazelas da humanidade. O motorista ameaçando ir embora e o povo gritando.
Conclusão: tive que descer colado com a orelha da maldita, desembolar o fio do brinco na rua e andar tudo a pé!
Agora me diz se eu mereço!?
Marcadores: brinco, gritos, mp3 player, ônibus, zona norte
6 Comments:
Ai Lipeeeeeeee,
que bosta, só vc mesmo ne?
Nao tenho a menor saudade dessa via crussis... ;-)
Bjocas,
Dani
Eu também sofro com uma certa linha; demora tanto quanto a sua, está sempre cheia e pior, de vez em quando, os motoristas 'queimam' a parada. Ou seja, uma hora de espera. Mas nessas horas, sempre lembro dos seus escritos e acabo dando risada.rs- Beijos.
Que saudade de ler isso aqui.
Saudade de vc tb!!!
Bjs!
Parabéns pelo blog. Excelente. Já está nos meus favoritos.
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Adorei essa estoria. O Ipod que acha que pode tudo...ESpero que tenha melhor sorte na próxima viagem.
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