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terça-feira, maio 30, 2006

Nojo profundo

“quero transformar o mundo em uma pista de dança”

Foi de forma pretensiosa, como era de se esperar, que a pop star Madonna (47) anunciou o lançamento da turnê de seu novo e bem sucedido álbum Confessions on the Dance Floor. Os shows começaram nos EUA (depois do fracasso das críticas engajadas de American Life a cantora resolveu que Love New York, ainda que ela prefira morar em Londres) no final deste mês e já estão causando polêmica.

Agora me diz por que eu não estou surpreso?

A cantora aparece pregada em uma cruz de cristais Swarovski avaliada em mais de 10 milhões de dólares, de onde entoa a canção Live to Tell, enquanto aparecem cenas de crianças sofrendo em um telão gigantesco. Em meio a uma enxurrada de críticas de cristãos e organizações ligadas à igreja católica em todo mundo, a Material Old Lady esclareceu que o número seria um apelo para que os fãs ajudassem na luta contra a Aids. Ela ainda completou dizendo que Jesus não se importaria.

Estou bem mais tranquilo agora que ela falou que Jesus não se importaria. Inclusive, estou pensando em me pregar em uma cruz também. Há quem diga que ela falou com Bono e o confundiu com Jesus. Tá velha já, né coitada?!

Fato é que a aids na África está praticamente sob controle depois que Madonna se expôs na cruz milionária.

Se a intenção era questionar a proibição de uso de preservativos por parte da igreja, poderia ter feito isso de maneira mais clara e incisiva. Ou ainda usar metade desse dinheiro para comprar e distribuir camisinhas, o que teria um pouco mais de efeito sobre a causa. Quem sabe encabeçar uma campanha para que seja feita a quebra das patentes dos medicamentos de combate à doença.

Mas uma campanha exige dedicação e ela acabaria não tendo tempo de ensinar o dever à Lourdes Maria e também teria que faltar suas reuniões da Cabala. Nunca!

E claro, não basta ajudar, há que se promover também o show. A história da melancia na cabeça não está mais em voga nesse mundo de pós-modernidade.

Na minha humilde opinião, Madonna só expôs a sua necessidade extremada de causar polêmicas, muitas das quais vazias, para legitimar sua imagem de transgressão. Dentro de uma turnê com clima disco onde as letras são puro entretenimento despretensioso, o número soa, no mínimo, vazio.

E claro, tenho certeza que todos que foram ao show saíram de lá completamente conscientizados da necessidade de se lutar contra a aids. Ainda mais com uma cruz de cristais super fashion! Lutar sim, mas sem perder o glamour.

Por que Madonna não usa símbolos do islã em suas polêmicas demagógicas?

Ah sim, ela seria explodida por uma bomba!!!
Entendi....

Mas como ela é forte, destemida e não têm medo de nada, fico aqui esperançoso de que ela se engaje numa luta pelas mulheres sofridas e castradas de seus direitos nos países islâmicos.

Demagogia por demagogia, Netinho fazia muito mais por suas princesas com muito menos dinheiro.

Conclusão, mesmo que a musiquinha balance o esqueleto e eu comece a gostar, Madonna sempre justifica o meu desprezo por ela. Vou ali vomitar!

OBS: Esse post foi feito ao som de Alicia Keys. A cantora tem uma fundação que distribui AZT e outros medicamentos à mães soropositivas africanas para que os filhos nasçam sem o vírus HIV. Menos barulho e mais efeitos práticos.
OBS2: 98 % dos meus amigos são fãs alucinados e eu vou ser trucidado.
OBS3: Post originado de uma conversa com o Hari, que mesmo sendo fã, também achou desnecessário.

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Maravilhoso,
Mesmo com todo meu gostar, tô contigo e não abro. A Madonna escorregou e deu de cara no chão. Parafraseando você, pego um trecho que resume toda a estória: "Madonna só expôs a sua necessidade extremada de causar polêmicas, muitas das quais vazias, para legitimar sua imagem de transgressão."

Não adianta, não existe gostar verdadeiro que se possa sobrepor à sinceridade.

Arrasa!!!

Beijos do teu fã!!!

HARI

12:42 PM  
Blogger Cecília said...

Preferia quando ela era mais puta. Nunca gostei da jovem senhora, mas desgostava menos. Pelo menos ela era vazia sem nenhuma pretensão de não ser.

3:40 PM  
Blogger Brena Braz said...

Ai, Lipe... Madonna é marketing puro, verdade seja dita. Mas eu amo ela mesmo assim... acho que ela é muito bem assessorada por seus marketeiros e, afinal, se dá dinheiro, né...?!
Ai ai...
Mas tenho que concordar com cada linha dessa que vc escreveu. Infelizmente.
Beijos

4:15 PM  
Blogger Cristina Boeckel said...

Nunca comentei aqui, apesar de ser uma leitora do seu blog desde o tempo em que ele vivia no Blogs of Notes.

A polêmica em torno da turnê causa ojeriza porque não é um protesto que tenha uma ação prática, não chama a atenção para a causa das crianças que sofrem e sim para a própria Madonna, pendurada na cruz de cristais pagando uma de mártir.

Apesar de ser uma grande admiradora do último álbum dela.

Abraço.

8:07 PM  
Blogger Stupid Guy said...

Ah eu não te odeio por falar mal dela não nem vou te trucidar pq no fim das contas se a gente for analisar friamente, é isso mesmo. Misturar entretenimento e discursos politicamente corretois pode ser beeeeeeem errado. Mas ainda assim eu vou tentar assistir o show dessa vaca velha e não pq é Madonna mas pq querendo ou não ela é parte da história da cultura contemporânea e não assistir um show dela antes da fowfa andar de cadeira de rodas é praticamente um pecado... ho ho ho! Bjos!

12:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

traz o champagne, pliz!

11:11 PM  
Anonymous Anônimo said...

Acho que a Madonna tá sofrendo as conseqüências da persona midiática em que se transformou. Quer ser a gatona retrô e a tia engajada ao-mesmo-tempo-e-agora e aí nem os 160 de QI a impedem de fazer merda. Essa história de crucificação e criancinhas soropositivas na turnê de um disco completamente desprendido de valores e críticas cabeçudas ficou esquisito mesmo. Quando era pra ter falado sério e feito do "American Life" um álbum com uma trajetória decente, ela deu pra trás. Quando é só pra fazer barulho sem encrencar feio com ninguém, aí ela solta o verbo. Atitude até compreensível por parte de uma mulher que já se autodefiniu não como cantora ou atriz ou diva ou blábláblá, e sim como uma "businesswoman". Traduzindo: tudo que arrepie os cabelos dos mais hipócritas, gere discussão, alimente a máquina e engorde os cofres tá valendo. Ainda que ela se contradiga, se equivoque, se confunda, no fim das contas não importa. A memória é curta e amanhã é outro tapa no cabelo e outro pancadão nas paradas. E é do cabelo e do pancadão que as pessoas se lembram. As cruzes megalomaníacas e chicotinhos e vestidos de noiva e quimona de japa e kabalah só fazem chamar atenção para eles. E nisso se passaram 23 anos e o povo continua falando dela, a "velha" mais controversa da atualidade. E a mais pop...

3:45 AM  
Anonymous Anônimo said...

Eu gosto de Madonna, mas que ela exagera muitas vezes, não há como questionar. ~E opinião, cada um tem a sua e ainda bem que pode ser assim! Beijos. =)

9:23 AM  
Anonymous Anônimo said...

Crítica pesada (que os fãs doentes não te leiam rs), mas inteligentíssima! Gosto dela, mas concordo plenamente com o que vc escreveu...

7:28 PM  
Blogger Luciana Xavier said...

se tiver dessa cruz em miniatura, eu quero pra fazer pingente

2:19 AM  

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