Perturbação momentânea

E tem cabimento esse ciúme? Nessa altura do campeonato eu vou inventar de ter ciúme de um sei lá quem das quantas que está há milhares de quilômetros daqui, vê se pode? Logo eu? Eu que não tenho ciúme nenhum e que aos quatro cantos anuncio isso como troféu de racionalidade e evolução emocional. Ah não...

Deve ser falta do que fazer, só pode.

Era só o que me faltava mesmo, ter ciúme de uma voz, de um primeiro contato de voz, do tempo gasto, dos créditos gastos no celular, do impulso que culminou na ligação, da ligação em si e de todas as futuras ligações que isso possa vir a gerar.

E ciúme é um troço insano e despropositado! Não dá. Não acredito. Não cabe aqui, em mim, em nada meu, em nenhuma das minhas posturas de vida, ao menos nas que eu quero realmente ter.

Ciúme não decretado. Sim, porque posso estar com ciúme, mas ainda tenho a dignidade de mantê-lo para mim somente. O ciúme é cousa de quem sente, ora bolas, e deve ser resolvido interiormente. Quando ele é experimentado e assumido na pessoa do outro, vira culpa, doença, compulsão, crime do Linha Direta. Não gosto nem de pensar!

Vou dormir para ver se acordo mais parecido com meu Eu racional amanhã. Jeová, basta entrar novela de Manoel Carlos e já viro um personagem caótico e chato do Leblon. A parte ruim é que eu não moro lá...

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