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terça-feira, setembro 25, 2007

Sofrimento pouco é bobagem

Estou deveras atarefado tentando ter uma vida após as muitas mudanças. Agora trabalho em meio às delícias – eu disse delícias e não milícias – do subúrbio carioca. Cerca de tranqüilas duas horas e meia de trajeto distribuídas em cinco conduções para chegar até o meu destino laboral. Depois, mais duas horas e meia e outras cinco conduções para voltar! Refrescante, né?

No metrô, aquele mar de gente se sacudindo com seus perfumes doces. Todas as mulheres parecem vestir um odioso conjunto de legging com uma espécie de túnica de malha estampada ou em tons gritantes de roxo, laranja, verde limão. Faço um esforço sobre-humano para não contar a elas que isso só ficava bem na Cicarelli, há três anos atrás!

Fora isso, o que mais me espanta é que tem sempre alguém cortando as unhas no metrô. Outro dia, as unhas do velho pareciam ter vida. Voavam quilômetros em nossa direção e por isso, coloquei os óculos escuros antevendo uma tragédia caso um daqueles projéteis cascudos atingisse meus olhos. É moda cortar as unhas no metrô, é?

Na zona norte carioca sim. Bem como os pagodes alegremente entoados com finas e nasaladas vozes e as pregações religiosas de tom catastrófico.

Com tudo isso não me falta substrato para escrever aqui. Falta é tempo mesmo, ném.

*ném é uma gíria do subúrbio carioca. O termo é usado para designar todo e qualquer ser vivente, independente de gênero. Sempre que nasce uma criança ela é instantâneamente chamada de ném. Pessoas da família, amigos, clientes do Habbib´s, passageiros de kombis e afins também são designados ném.