Lipe, o engajado
Nem só de humor vive o blogueiro.
Ainda me assusto com os relatos de amigos, pessoas da minha faixa etária e com mesmo nível sócio-cultural, sobre sexo sem camisinha. Ainda me choca o fato de alguns, melhor dizer muitos, acharem que as coisas só acontecem com os outros.
Porém o que me indigna mesmo é a disseminação de um vírus muito mais letal do que o HIV, a ignorância. Ela é a base de todo preconceito e este, mata muito mais do que a aids ou qualquer doença. Mata pessoas de outra cor, religião, opção sexual. Ele destrói as chances de convivência harmônica entre as pessoas e dilacera o que poderia ser um rico intercâmbio entre as diferenças.
Esses dias, sentado em um café enquanto esperava por um cliente de freela, ouvi duas meninas conversando na mesa ao lado. Meninas bonitas, simpáticas, modernosas, alegres com seus cabelos balaiagiados e balangandãs da moda pendurados. O assunto evoluiu do filme Cazuza (que a Globo apresentara no dia anterior) para um rapaz na faculdade que era supostamente portador do HIV.
Não conseguiria reproduzir aqui, com riqueza de detalhes como é de costume, as baboseiras surreais que ouvi aquela tarde. Uma das meninas não senta nas cadeiras utilizadas pelo moço e a outra mantém distância para o caso dele tossir ou espirrar. As portadoras do SNCL (Sem Neurônios com Cabelo Loiro) não entendiam ainda sua aparência saudável e revoltadíssimas falaram sobre a pena que sentiam da garota que havia dado uns pegas no cara no primeiro período. “Ele já devia saber, mas fez de sacanagem” – concordaram.
Para não assassinar nenhuma delas com o perigoso Ice Tea Light de Pêssego que eu ingeria, me levantei e fui embora. Sim, porque para que serve uma latinha de Ice Tea se ela não pode virar uma arma letal cortante para sangrar a garganta de gente podre? Ein?
Nesse dia 1° de dezembro irão acontecer diversos eventos, palestras, matérias jornalísticas, peças de teatro, filmes, propagandas e milhares de coisas sobre Aids. Nenhuma delas vai surtir efeito algum se as pessoas não saírem do estado cômodo de inércia mental sobre o assunto. Nada vai acontecer se você continuar fingindo que não é contigo, que é um problema da África, ou dos gays, dos promíscuos (seja lá qual for a definição disso para você). É para isso que esse dia serve. É o dia de extirpar comportamentos como o das duas monstrinhas sociais.
Informe-se e não deixe que a sua realidade maravilhosa onde a Aids é um possibilidade remota destrua a chance de construção de uma realidade também maravilhosa para quem é portador do vírus.
Ainda me assusto com os relatos de amigos, pessoas da minha faixa etária e com mesmo nível sócio-cultural, sobre sexo sem camisinha. Ainda me choca o fato de alguns, melhor dizer muitos, acharem que as coisas só acontecem com os outros.
Porém o que me indigna mesmo é a disseminação de um vírus muito mais letal do que o HIV, a ignorância. Ela é a base de todo preconceito e este, mata muito mais do que a aids ou qualquer doença. Mata pessoas de outra cor, religião, opção sexual. Ele destrói as chances de convivência harmônica entre as pessoas e dilacera o que poderia ser um rico intercâmbio entre as diferenças.
Esses dias, sentado em um café enquanto esperava por um cliente de freela, ouvi duas meninas conversando na mesa ao lado. Meninas bonitas, simpáticas, modernosas, alegres com seus cabelos balaiagiados e balangandãs da moda pendurados. O assunto evoluiu do filme Cazuza (que a Globo apresentara no dia anterior) para um rapaz na faculdade que era supostamente portador do HIV.
Não conseguiria reproduzir aqui, com riqueza de detalhes como é de costume, as baboseiras surreais que ouvi aquela tarde. Uma das meninas não senta nas cadeiras utilizadas pelo moço e a outra mantém distância para o caso dele tossir ou espirrar. As portadoras do SNCL (Sem Neurônios com Cabelo Loiro) não entendiam ainda sua aparência saudável e revoltadíssimas falaram sobre a pena que sentiam da garota que havia dado uns pegas no cara no primeiro período. “Ele já devia saber, mas fez de sacanagem” – concordaram.
Para não assassinar nenhuma delas com o perigoso Ice Tea Light de Pêssego que eu ingeria, me levantei e fui embora. Sim, porque para que serve uma latinha de Ice Tea se ela não pode virar uma arma letal cortante para sangrar a garganta de gente podre? Ein?
Nesse dia 1° de dezembro irão acontecer diversos eventos, palestras, matérias jornalísticas, peças de teatro, filmes, propagandas e milhares de coisas sobre Aids. Nenhuma delas vai surtir efeito algum se as pessoas não saírem do estado cômodo de inércia mental sobre o assunto. Nada vai acontecer se você continuar fingindo que não é contigo, que é um problema da África, ou dos gays, dos promíscuos (seja lá qual for a definição disso para você). É para isso que esse dia serve. É o dia de extirpar comportamentos como o das duas monstrinhas sociais.
Informe-se e não deixe que a sua realidade maravilhosa onde a Aids é um possibilidade remota destrua a chance de construção de uma realidade também maravilhosa para quem é portador do vírus.
:o)