Tá, então eu fui lá nessa entrevista coletiva tentando enganar a mim e ao mundo que minhas roupas sociais ainda me servem. Rá. Ficar nervoso com uma calça apertada é uma sensação assim in-des-cri-tí-vel. Vocês precisam passar por isso! E claro, faz-se necessário pontuar a diferença entre entrevista coletiva e dinâmica de grupo. Vamos lá:
Entrevista coletiva é o nome bonito que eles dão pra auto-exposição vexatória. Você vai lá, conta sua vida com mentiras parciais tentando ser formal, mas não tanto ao ponto que eles achem você ultra-chato. Dizer que pratica esportes radicais é sempre uma boa saída! Eles fingem que acreditam em tudo que ouviram e você finge que acredita que eles estão mesmo selecionando por perfil. Rá..rá!
Já
dinâmica de grupo é o pseudônimo de ridículo público extremado. Às vezes a empresa está paradona, tudo muito tedioso e por isso resolvem chamar uns panacas para dançar, fazer mímicas, desenhos, construir empresas em cinco minutos e/ou tudo isso junto.
Eu sei que parece meio idiota, mas eu tenho uma camisa da sorte. Verde, amo verde. Não que ela me dê muita sorte, do tipo
“olha que sorte ele tem com essa camisa”, visto também que estou mega desempregado e se a bendita camisa fosse tão poderosa assim... Sucede que eu curto muito a camisa e ela é
Versace e vocês todos devem estar achando que eu sou um fútil (não procede) e acontece que não tenho mais dinheiro pra comprar coisas desse tipo e ela veste bem, vai...
O fato é que a camisa já está muito velha. Muito mesmo! Só hoje eu reparei que está puindo no colarinho e óbvio que me desesperei ao máximo com isso.
E agora o que faço sem minha camisa verde da sorte? – pensei histérico.
(quase um Zagallo)
Resolvi passar por cima disso tudo. Afinal, não somos pessoas pequenas de alma e pouco ligamos se uma camisa verde-versace-da-sorte está puída, né?! E também passei por cima completamente da regra número um para os infelizes que vão de ônibus a uma entrevista, que é: camisas brancas disfarçam a pizza debaixo do braço. Então imagine eu chegando lá com a camisa metade verde-claro-desbotado e metade verde-escuro-suado (tá, essa parada com as cores nem ficou legal, to sabendo). Soma-se a isso, um colarinho puído, afinal estamos falando da minha vida e é lógico que eu não poderia estar com vergonha só de uma coisa! Nãoooo...
Juro que a maldita da recepcionista me olhou com uma super cara de “que feio, esse garoto tá com o colarinho puído”! Acuado, encostei na parede com muita vontade de permanecer lá para sempre. Foi ai que comecei então a me concentrar muito para não suar mais. Lógico que o imprestável do meu corpo, além de inisistir em não entrar em minhas calças, não me obedece e o suor agora pingava no sapato. Sério, um horror!
Conclusão: passei boa parte da entrevista tentando desesperadamente impedir a rh de passar por atrás de mim e não prestei atenção em bulhufas do que a bendita mulher falava. Na outra parte, danei a me abanar com o currículo. Conicidentemente, o mesmo que eu viria a entregar todo amassado momentos depois. Eu sou uma peste ou não sou?!
Como se não bastasse toda aquela gente com seus egos ensaiados falando de mil experiências lindas e viagens e trabalhos e tudo mais, a toda poderosa da gerente de marketing adentrou o recinto. Linda. Só dava ela!
Agora vamos todos juntos adivinhar onde a maravilhosa ficou parada?
Isso! Exatamente atrás de mim...
Deselegante, né?!
Ai foi que eu não falei nada-com-nada e tudo-com-cousa-alguma! Esqueci da porra toda que eu tinha ensaiado durante horas! Merda, nem falar que pratico esportes radicais eu falei, acredita?! Certo é que eu não pratico esporte algum e é só olhar para o meu shape que isso fica explícito. Mas tenho quase certeza que eles só escolhem pessoas que pratiquem esportes radicais. Tenho sim.
Só me fodo..ai ai!
:o)